sexta-feira, setembro 23, 2011

quinta-feira, setembro 01, 2011

Que lugar é este onde.



Este lugar onde estamos: eu (pés descalços, olhos grandes, algo na mão), minha irmã mais velha ( dedo na boca, sorriso tímido e de canto de boca), minha irmã mais nova (sono profundo, chupeta - inseparável, entregue à gravidade) e minha mãe (sandálias pretas, um dos pés levemente suspensos, dando suporte (desafiando?) à gravidade, boca pintada,); que lugar é este? Não me lembro. Invento. Entre geografias deslocáveis, as três crianças percorreram o centro do país executando uma duração relativa (10 anos? 2? 5 minutos de percurso?). Um pouco cargas, um pouco combustível, um pouco criança. Porque criança é o que (se) percorre e o que desloca o que quer (deseja) percorrer – carga e combustível. Entre percursos sempre acompanhados (além das quatro meninas da fotografia, estavam também neste meio de transporte: meu pai, alguns passarinhos, livros e algumas idéias), algumas paragens:


a vida, infinitas paragens, nas quais sempre se desce pela primeira vez.


Esta fotografia é uma das paragens: quase se apagando no painel ali atrás, a palavra “exposiç...”. Fotografar é expor. Algo fica exposto esperando ser escolhido. Escolher é realizar uma paragem. Qualquer escolha é sempre a primeira vez. Fotografar é escolher um lugar para permanecer. É inventar uma permanência (sem prescrição de duração). Que lugar é este que, fotografou esta permanência em mim? Não sei:


somente existo onde conto sobre onde existo.