domingo, dezembro 27, 2009

besoin

Minha boca falando boca
Na sua nuca nua
minha boca no ar
Sussura nuca
Não nunca
Querendo te alcançar
No ar
Entre tua nuca e
minha boca nua
eu sei dessa verdade
das incertezas,
que elas são incontroláveis,
inexistentes
as verdades.
eu sei.
ainda assim não durmo ao som do primeiro silêncio noturno.
silêncio para os olhos.
tenho medo desses olhos que não escutam.
mesmo sabendo da verdade das incertezas.
não queira saber.
tenho medo do que eles não escutam, os olhos.

nunca vou superar a noite.

domingo, dezembro 20, 2009

não querer aniversário.
não querer aprisionar.
querer ficar perto, muito perto, sem ser julgada.
medo de voar de tão leve.
medo do tombo de quem voa leve.
medo de ser óbvia.
medo de não estar sendo óbvia.
impaciência.
corpo que não esconde.
não aguenta sentado.
tomba a cabeça com sono para o lado.
foge. pisa em ovos. quebra pratos.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Lundi matin

A casa triste

Madame Poulain, pequeno cavalo

Ou antes de madame, mademoiselle Poulain

A Amélie,

peut-être, triste.

Recolhe selos. Timbres, ela diz

Como mademoiselle, apegada aos pequenos detalhes da vida dos outros

Mas não para ela, ela recolhe.

Para o monsieur amigo.

Sim, apegada aos pequenos detalhes da vida dos outros

Ela recolhe selos para a coleção dele.

Cada um recolhe o que lhe cabe.

A casa recolhe murmúrios tristes do tempo lento que insiste

Cada canto desencarnada . a casa.

Somente brisa e talvez pó o que resta, que corpo nenhum agüenta.

Poulain, a madame, recolhe o que resta.

O murmúrio é de aspirador.

quinta-feira, novembro 19, 2009

o silêncio também faz parte do mundo das coisas que existem.

quarta-feira, novembro 18, 2009

do desejo de palavra

nos ignoram frente ao desejo posto em palavra

frente ao desejo feito arte

frente ao desejo dito

maldito

frente a ele, silencie

só assim não foge

permanece quando não sabe que está permanecendo

permanece quando estamos e ele não nos vê

permanece quando fingimos que o esquecemos e quando nossas palavras de desejo se tornam mudas

dê a ele o silêncio

mas escreva todo esse desejo,

para você

ou para outro que possa escutar.

___________

- eu desejo.

- eu não desejo .

--------------------

O amor é a arte de se esquivar,

de dançar passos sempre novos e sem nome e nunca dar nome a eles.

(Mesmo que saibamos que se trata de tango ou de samba).

-------------------

Mas,

não somente silenciar.

gritar para o vento, no vento, com o vento

o que se deseja com o corpo todo e com as palavras,

que, sim, sabemos inventar

para dar corpo aos nossos desejos.

então, não silencie, grite ao vento.

silencie aos que não podem te ouvir.

mas grite ao mundo que te escuta.

terça-feira, novembro 17, 2009

17 de novembro de 2009

Boto fé nela.

Ela que precisou me deixar

Precisou desafogar as insistências.

E de novo insistimos

Nisso que é amor mas mais que amor

Mais que borda de qualquer coisa

É qualquer coisa sem borda.

A desbordada, atordoada, bordada de flores

Dos pés à cabeça

Nos cabelos cor de escuro fortaleza

Iguais aos olhos

Eu acredito nela.

E neles.

Nos olhos e nos cabelos.

Dela.

De Déa se faz um dia uma noite

um fim de qualquer coisa.

Eu os refaço com ela.

Feitos de fios e de lágrimas

De bolo e café

De giz pastel e de dedos doces.

De você.

(para Déa com amor, palavras pelo seu aniversário! desejo de abraço e trago mas, na falta, servem palavras?)

Estrelas feitas de papel

Criei um novo blog para o projeto "um céu cheio de estrelas"...

Espaço de registro de uma ação poética que consiste em recolher desenhos de estrelas feitas em pedaços de papel para a construção de um céu de papel cheio de estrelas feitas por diversas pessoas. Este projeto teve início há alguns anos atrás e, em setembro do ano de 2009, as estrelas começaram a se multiplicar o que tornou possível a realização da junção das constelações para a feitura do céu. Também espaço para dar continuidade a este trabalho infinito de coleta de estrelas...

http://estrelasfeitasdepapel.blogspot.com/

segunda-feira, novembro 16, 2009

Estrelas escritas

"[24] Ela não brincava. Sim, era uma criança, mas não brincava. Preferia ficar quieta. Sozinha. Mesmo assim as outras crianças gostavam dela. E vez em quando a convidavam. Ela se concentrava ausente e desenhava estrelas, tantas e tão altas que eram levadas pela brisa, pelo silêncio e pelas ruas vazias". trecho de Tese de Doutorado de Angelica Munhoz, defendida na ultima sexta-feira...

sexta-feira, novembro 13, 2009

de alguma forma, disso se trata viver

Fiz para a maya esse vídeo. Há dias atrás ela me mandou um vídeo lindo, onde ela cantava “eclipse oculto”, uma música que sempre cantamos quando estamos juntas. Eu queria retribuir à altura, mas isso não existe. Isso da altura das retribuições. Daí escolhi uma música que amamos e a misturei com uma outra que a Maya ama tanto (que é surpresa) e que me lembra ela. Claro que tem alguns sérios problemas de afinação dos instrumentos (maya, um dos afinadores do violão quebrou e daí já viu: todas as outras cordas dançam no ritmo daquela imóvel), qualidade das imagens, e montagem tosca, né. Mas disso se trata viver... e nada tem que dar certo porque nosso amor é bonito.

Essa música é sobre Thelma e Louise. E por isso é sobre nós também. Ma e Maya.

Sopro de saudade de você, minha irmã.

beijo o ar, sopro o vento: não te esqueças, nos largamos daí.

(se for necessario)


segunda-feira, novembro 09, 2009

nove de novembro de dois mil e nove


o dia era antes.
antes de hoje.
o de hoje é dia novo.
te prometo.
nove de nove de nove.
novembro.
dia de Lou, Louveciennes.
Nin nous.
Anaïs e bala de anis.
Lu.
é dia novo de Nin de nous de anis.
te prometo.
capricórnio e incesto. em branco e preto.

***
amanhã faltará menos
mas os dias serão mais.
prometo

***
Dorme-acorda com sorriso nos lábios .
nem sabe por quê.
mas eu conto para você.
sonhou com dadaísmo:
recortou o fundo da fotografia.
fez uma forma com a tesoura
ou cortou exatamente sobre a linha do contorno.
lá fora cinza.
dentro
tinta.

***


o dia é hoje.
ele me leva
novo
porque nove
novembro cinza
trem cinza
roupa cinza
cinza novo
entre nós
nuvens
novela
quer ela
e também uma vela
para soprar
as nuvens
o cinza
e fazer o pedido:
sol de suar
cerveja para arejar
vento do mar
amar
amar
amar
...

para o lu, com amor









quarta-feira, novembro 04, 2009

sem desespero sem tédio sem fim

um presente que ganhei da maya, e que é mais que um presente so pra mim...
até caetano deveria ver isso...
e cazuza se fosse vivo...

http://margensdapalavra.blogspot.com/2009/11/sem-desepero-sem-tedio-sem-fim.html

daquelas coisas que valem desejar o eterno retorno.

segunda-feira, novembro 02, 2009

estrela feita de macabéa


na hora da estrela,

por André Stock

Estrela

Por Felipe

estrelas de botões e frutas


Por Marita Martins Redin

domingo, novembro 01, 2009

segunda-feira, outubro 26, 2009

cemitério fechado

segunda
os mortos
descansam

sábado, outubro 24, 2009

c'est ça

au dessus des toits:

- étoile c'est toi
- estrela é ela

e lá está
c'est trop tôt
no pesar do tempo
apesar das horas

:au dessous de toi

mayra e talita

whisky e dia frio-sur-seine

- você acha bom a possibilidade?
- acho ótimo já, ela só, a possibilidade.
- sim, e ela possivel? você acha bom?

sexta-feira, outubro 23, 2009

empty and luck

Vou escrever algumas palavras. Vejo uma joaninha vermelha clássica, com bolinhas pretas. Ela caminha em minha mão. Levanto-me e vou até a escritora americana que escreve ao meu lado. Ontem mesmo aprendi que “vide” é “empty”. Sem inglês nos lábios, aponto com a outra mão a joaninha agora parada. “it’s luck”, diz ela. Então a faço caminhar por todo meu corpo.

quinta-feira, outubro 22, 2009

segunda-feira, outubro 19, 2009

quarta-feira, outubro 14, 2009

promenade sur seine

Existe um nada onde nada cabe.
É lá que eu sou.

Até a água fria é mais quente que minhas mãos frias.
E o vento frio é mais quente que meu corpo frio.

Enquanto eu morria, algo de vida, um novo começo nascia nele.
A vida é sempre mais forte.
Seria qualquer coisa de egoísta querer que a vida respeitasse a morte.
A vida nunca faz luto, sempre nasce pela primeira vez

Não se trata nem de dormir nem de acordar. Não sabemos de que entrega se trata.

Mas no crepúsculo alguma coisa morre, aí posso morrer.

sábado, outubro 10, 2009

eterno retorno

Não sei o que some, se eu ou você ou ambos. Talvez nem tenhamos notado, a não ser por qualquer vento que soprou percebidamente. Vi qualquer coisa disso e me fez lembrar você. Nos Alpes da suíça. Folhas amarelas, laranjas, verdes e ocres, todas num mesmo galho e num todo de des-cores. Subi montanhas e caminhei por lagos e encontrei cachoeiras e vacas. E era lindo. E isso é tudo. Isso de algo ser lindo. E é assim que reapareço: pela lindeza. Através dela. E mais nada, afinal a lindeza não precisa de mais nada. Espero que você retorne. Pela lindeza.

(para as pequenas coisas que têm a capacidade de desaparecer)

terça-feira, setembro 29, 2009

sábado, setembro 26, 2009

cada canto no seu canto - atelier


Vernissage Expo: "CorpoArtista", Bienal B

as meninas lindas... obrigada pessoal da Galeria de mArte, Maya (que fez tudo), Cassi (que fez tudo junto)
Foto de Cassiano Stahl

domingo, setembro 20, 2009

sábado, setembro 19, 2009

samedi soir

Hoje ninguém

Nem um gato dócil inexistente
Apesar do manto que faz às vezes do colo quente

Hoje ninguém

Nem as palavras chegadas aqui ao meio-dia,
antes mesmo do jornal da manhã lá ainda não lido

hoje ninguém

nenhuma história nova prometida,
nem uma cantoria falada gravada a pedido
por conta de uma saudade repentina do ouvido

hoje ninguém

nem as palavras insones de desconhecido
em breve mais próximo que os mais próximos

hoje nada

nem horóscopo

nem cadarços molhados

porque o sereno foi fraco

enquanto o sono se foi

hoje desde ontem
o desespero confuso afirmou-se acontecido
nada pode mais agonizar
e por isso as palavras são inúteis
enquanto o corpo realiza suas explosões aguardadas
as palavras não podem
nem querem
nem devem mais
nada
inventar

hoje ninguém

enquanto hoje alguém

sexta-feira, setembro 18, 2009

quinta-feira, setembro 17, 2009

quarta-feira, setembro 16, 2009

terça-feira, setembro 15, 2009

SOBRE ESPERAR ESTRELAS

" Vous allez dans un nouveau pays, et vous recréez la constellation"
Anaïs Nin, 1942

segunda-feira, setembro 14, 2009

quinta-feira, setembro 10, 2009

um insone

repete diversas vezes que ainda é cedo para pensar em insônia.

quarta-feira, setembro 09, 2009

guarda-chuva de filo

para que as meninas dos meus olhos permaneçam desprotegidas
(para andréa e bianca)

mesa de canto


segunda-feira, setembro 07, 2009

domingo, setembro 06, 2009

impluvium V, encore...

les trois





sur marnay

depois da chuva abriu sol com vento.
o vento me fez escutar o barulho do rio.
é do rio?

o rio faz um silêncio alto.

quarta-feira, setembro 02, 2009

sábado, agosto 29, 2009

terça-feira, agosto 25, 2009

domingo, agosto 23, 2009

quinta-feira, agosto 20, 2009

talvez

parfois
c´est presque
parfait

sábado, agosto 15, 2009

avec vous

no meu deserto escorrem lágrimas.
a pele arrepia como se aqui pudesse nascer,
qualquer coisa,
mesmo que
pêlo
pelas tuas palavras vivas

domingo, agosto 09, 2009

quasidade

Não te quero em seu habitat
você
no meu
mal-me-quer

sábado, agosto 08, 2009

en(s)trelinhas

entrelinhas são estrelinhas.
porque se existe uma linha e outra linha e entre elas existeum entre,
o que mais poderia ser esse entre senão estrelinhas?
a linha é reta e a estrela dispersa.
entre duas linhas retas
uma estrela
entre elas
dispersa...

(definição para Entrelinhas, a pedido de Paula Trusz Arruda)

quarta-feira, agosto 05, 2009

penso em acontecer,
qualquer hora dessas.
só pra ver
o que mais pode
não
acontecer.

sexta-feira, julho 31, 2009