terça-feira, setembro 11, 2007

minha antropofagia para o amor em fragmentos (da Mari), que devorou os fragmentos de um discurso amoroso (do Barthes)

Sinceridade cruel:
Sorriso de lado de boca, sincero.
Detalhe:
Uma gritaria em volta, sussurro.
Ilusão:
Ferida aberta no corpo, sem doer.
Arrebatamento:
Uma pequena certeza e, já era.
Gesto:
Dançar com os olhos a espreita, silêncio.
Decepção:
Uma ilusão a menos, desencantados.
Ausência:
Roubo a única coisa que pode ser minha, o ausente em mim, meu.
Amor exigente:
Resisto ou desisto, desiste, tu.
Espera:
Sem palavras, cem palavras jamais ditas, não chegará.
Corpo:
Beber toda a água do mar e ainda poder mais, não se caber em si no transbordamento marinho.
Condescendência:
Outro sorriso de canto de boca, do outro lado, uma lágrima.
Vício:
Eu e eu e eu, mais de ti para mim.
Cartas:
A minha falta, a tua transborda.
O encontro amoroso:
Joelhos com joelhos, pra não caminhar.
Desejo:
Correndo por aí, derruba, fere e se vai.
Irmãs:
Brancas, no meu caso.
Etiqueta:
Quando percebeu, acabou. Era isso? nem boa nem ruim, apenas uma vida.
Ciúme:
Um prato que se come em grupo, temperado.
Intuição:
O entorno transborda, em mim.
Rubor:
As aves trocam suas penas, a duras penas.
Susto:
Com o coração na boca descobre, já não cabe mais.
Repetição:
E lá vem o mesmo disfarçado, de novo.
Apaixonado:
Aqueles que amam o crepúsculo mesmo sabendo, e talvez justamente por isso, que quando a noite chegar não terão casa para voltar. (e ainda assim, e talvez por isso, caminharão dançando).

2 comentários:

Anônimo disse...

lindo.
quem é mari?

MayrA disse...

minha colega do mestrado.
o trabalho dela se chama: "amor em fragmentos"...
lindo